Secretário-geral
da Fifa diz que entidade tem posição 'delicada' em relação aos protestos no
país, e nomes de peso tentam amenizar críticas aos gastos
O 'briefing' da Fifa para imprensa
desta segunda-feira expôs logo em seu início a preocupação da entidade com a
situação atual do Brasil em meio à onda de protestos que tem atingido também a
Copa das Confederações. Ficou claro que o objetivo da presença de nomes de peso da entidade, do governo e do Comitê
Organizador Local (COL) não era apenas para um balanço da primeira fase do
torneio, mas para expor argumentos que pudessem amenizar as críticas em relação
aos gastos com a competição.
O primeiro pronunciamento foi do
diretor de comunicação da Fifa, Walter de Gregorio, já avisando que os
comentários da entidade a respeito dos protestos continuariam limitados à mesma
posição que vem sendo dada desde o início da competição - a de que se respeita
o direito de manifestação, desde que de forma pacífica. Argumentou que é uma
"posição delicada" para a Fifa que, se comenta, está interferindo em
questões internas do país e, se prefere não comentar, é criticada por se
preocupar apenas com futebol e nada mais.
Mais à frente, durante o período
de perguntas e respostas à imprensa, o ministro do Esporte, Aldo Rebello,
comentou ter lido recentemente nos meios de comunicação o oferecimento de
países a sediarem a Copa do Mundo de 2014 no caso de uma suposta rejeição da
Fifa ao Brasil por conta da recente onda de protestos. O ministro ainda citou o
investimento da China para tornar-se sede no futuro o contato direto de Uruguai
e Argentina com o Brasil com o objetivo de buscar apoio para co-sediarem o
Mundial de 2013. No entanto, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, foi
enfático:
- Repito novamente: a Copa do
Mundo de 2014 será no Brasil e não existe plano B. Não recebemos ofertas de
outros países para sediar o Mundial. Essa questão é do governo local, e o
aprendizado da Copa das Confederações é para diferentes aspectos, incluindo a
segurança
.No início houve uma longa
explicação sobre números e investimentos para as Copas do Mundo e das
Confederações. Estiveram presentes na mesa o secretário-geral da Fifa, Jérôme
Valcke, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, o secretário-executivo do
Ministério dos Esportes, Luís Fernandes, e o diretor-executivo do Comitê
Organizador Local (COL), Ricardo Trade.
O primeiro a falar foi Valcke, que
de início, se limitou a comentar dados esportivos e comerciais do evento.
Agradeceu, sorridente, ao Taiti, pela marca de 58 gols atingida na primeira
fase na competição. Mais tarde, na coletiva, voltou a deixar claro que não há
um plano B, assim como nenhuma oferta de outro país para sediar a Copa do Mundo
em 2014.
- Temos grandes números no
torneio. Neymar é o goleador mais novo, temos 58 gols no torneio. Obrigado,
Taiti. Mas, mesmo sem o Taiti, a média é muito boa. Além disso, os quatro
semifinalistas são campeões mundiais. Isso é muito importante.
Porém, a intenção da reunião de
peixes graúdos na mesa ficou evidente mesmo no discurso do ministro Aldo
Rebelo. Sem cerimônia, começou sua explicação ressaltando, como fizera Joseph
Blatter na última semana, que o Brasil não aceitou a Copa, mas pediu a Copa e,
dessa forma, assumiu obrigações. Ele apresentou números mostrando os
investimentos em saúde e educação, uma das principais reivindicações dos manifestantes
pelo país.
- Só no orçamento de 2013 foram R$
177 bilhões para saúde e educação. O orçamento do Ministério dos Esportes é
mais ou menos 1% disso, incluindo os recursos destinados às rubricas de Copa do
Mundo e Olimpíadas. Não há desvio de recursos dessas áreas para construção de
arenas. Investimentos em educação triplicaram de 2007 a 2013: foram R$ 311,6
bilhões. Em saúde, mais do que dobraram: foram R$ 447 bilhões.
O Governo Federal apresentou
números que apontam o que seriam benefícios da Copa do Mundo no Brasil. Segundo
os representantes do Estado, a competição deve ser vista como uma oportunidade
de adiantar as melhorias que seriam feitas futuramente. Os números destacados,
de acordo com um levantamento feito pela consultoria Ernest&Young, foram R$
112 bilhões adicionais que circularão na economia brasileira de 2010 a 2014.
Serão gerados 3,6 milhões de empregos. Além disso, foram criados 24.500
empregos apenas nos seis estádios da Copa das Confederações e haverá 86 mil
trabalhadores qualificados em cursos oferecidos pelo Pronatec Copa. O Governo
também apontou que os investimentos em educação triplicaram de 2007 a 2013
(311,6 bilhões), e os investimentos em saúde mais que dobraram no mesmo período
(447 bilhões).
O secretário-executivo do Ministério
dos Esportes, Luís Fernandes, falou no mesmo tom.
- A Copa do Mundo e das
Confederações representam uma oportunidade histórica para promover o
desenvolvimento do país. O Brasil é um país em deselvolvimento, diferente da
Alemanha e da Inglaterra. Esses investimentos seriam realizados de qualquer
forma. Com ou sem Copa, 62% dos investimentos são mobilidade urbana e
aeroportos.
Pelo COL, Ricardo Trade fez
balanço positivo das operações nos estádios, destacou o trabalho dos
voluntários, e ressaltou a importância da entrega dos demais estádios para a
Copa do Mundo no prazo.
- Estamos muito contentes
com a operação. Uma relação fácil que está levando a esse balanço positivo. O
nosso balanço da operação é positivo. Os voluntários são um diferencial, têm
sido sensacionais, sempre sorrindo. Claro que podemos melhorar, é um
aprendizado. As equipes estão sendo bem atendidas, temos relatórios da
satisfação delas. Melhora significativa da comunicação dentro dos estádios não
é fácil, mas trabalhamos muito forte para que isso tivesse uma melhora. Os
estádios precisam estar prontos até o fim do ano até para os gramados estarem
bem ajustados, precisamos ser profissionais nesse ponto. Esses estádios e as
sedes tiveram uma realização adequada para a Copa das Confederações. Não
estamos dizendo que todos os problemas foram resolvidos ou se apresentaram. É
um teste, um aprendizado. Mas a operação foi garantida a contento.
Valcke marca presença em
evento de cidades-sedes
Após a entrevista coletiva, Jerome
Valcke compareceu a uma exposição sobre as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de
2014. O evento, que ocorreu no Maracanã, teve como objetivo mostrar aos
visitantes informações turísticas relacionadas à competição.
Valcke visitou todos os estandes e
ganhou presentes como uma viola de cocho, instrumento típico da região do Mato
Grosso. Os representantes dos governos locais apresentaram benefícios de cada
região e forneceram comidas típicas.
Fonte: globoesporte.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário